No
princípio era a fala
E
a fala era Deus
Nela
estava a vida
E
a vida era a luz dos homens
A
fala se fez escrita
A
escrita caminhou entre nós
E
se fez impressa
E
a fala impressa
Agravou
os pecados do mundo
Então
o homem criou a máquina
Que
capturava paisagens e pessoas
E
disse “Vinde e Vede”
Sua
imagem e semelhança
O
homem não parou
O
escrito ganha a fala novamente
Agora
transmitida a longas distâncias
A
longa fala não bastava
A
imagem capturada
Antes
estática
Ganha
movimento
Primeiro
em quadros por segundo
Depois
viaja pelo espaço por todo o mundo
Para
estacionar em uma tela
Dentro
de nossas casas
Disse-nos
o homem, sem verdade:
“Daqui
em diante vereis o céu aberto
E
os anjos de Deus
Subindo
e descendo
Sobre
o Filho do homem”
E
a tela subiu ao altar
Deusa
no lar
Bem-aventurados
aqueles que a vêem
Porém
Aquela
tela foi o princípio
Não
o fim
Outras
telas vieram
Para
lhe fazer concorrência
Tela
contra tela
Feito
irmão contra irmão
As
que surgiam eram mais conectadas
Formavam
uma grande teia planetária
Unindo
mais que sete igrejas
As
novas telas sobem ao trono
A
elas foram dadas
“Graças,
e honra, e glória,
E
poder para todo o sempre”
Quem
cai nessa teia
Dificilmente
escapa
Quem
não quer ser pego
Que
não se aproxime
A
vida vai ao extremo
Do
streaming
As
sete pragas
Dos
sete anjos
A
um clique de distância
“Nem
sol
Nem
calma alguma
Cairá
sobre eles”
Desconectar
é doloroso
Tudo
é transmitido
Do
primeiro respiro
Ao
último gozo
Se
alguém tem ouvidos, ouça
A
corrente é forte
As
telas nos acompanharão
Da
fecundação até a pós-morte
(01/03/17)
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