No
fosso da orquestra
Há
o silêncio
Instrumentos
em guardamento
A
bailarina está imóvel
Não
se ouvem aplausos
Há
uma densa perplexidade no ar
Mais
uma vez
Tentaram
a arte matar
Para
que serve a arte?
Esse
não-objeto?
Saberá
quem capturar o som
Com
as mãos ou a voz
Quem
esculpir a bailarina
No
meio do giro
Quem
decifrar a palavra
Entre
a mente e o papel
A
pintura
Entre
a tela e o pincel
A
burocracia inveja
O
estado da arte
Que
não tem dono
Ignora
leis e regras
Sempre
renovada
Reinventada
A
arte é rebelde disciplina
Delírio
engajado
É
amar, armar e desarmar
Desamar
e desalmar
Criteriosa
desobediência
Rebeldia
sem calças
É
diversão e penitência
A
arte é travessura
Amassa
antigos e novos papéis
E
os atira
Na
cabeça de burocratas
Tecnocratas
Bedéis
Estes
Num
revide repressivo
Impõem
mais regras
Mais
leis
Mais
papéis
Tentam
Imobilizar
a bailarina
Queimar
os livros
Calar
orquestras e menestréis
Pobre
burocrata
Pensa
que a arte é objeto
Quer
feri-la e até destruí-la
O
burocrata não sabe
Que
a arte é como a vida
É
feita de feridas
Que
sangram as palavras que vão nos livros
Que
amplificam o som da orquestra
Que
moldam o movimento da bailarina
A
arte é feita
Dos
antônimos e seus sinônimos
Do
amor
Do
desejo
Do
ódio
Do
medo
E
da imensa falta de todos eles
O
estado da arte
É
um tanto masoquista
Afinal
Sofrer
é rotineiro
Pobre
é o artista
Que
só pensa no dinheiro
(23/02/17)
Orquestra Sinfônica do Paraná - Foto de Karin van der Broocke |
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