quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Terremoto na Itália

A rua ondula feito água
Vasos saltam das sacadas
Coloridos pássaros suicidas
Janelas vibram trágica percussão
O asfalto craquela-se em tela de Mondrian
O cérebro é tigela de gelatina
Agitada por criança
Não há ordem no formigueiro sublevado
Pessoas andam para todos os lados
Se esbarram, tropeçam, caem
Algumas gritam, outras choram

Em meio ao caos
Penso em você
Maldito terremoto
Chacoalha a vida da gente
Mistura passado e presente
De tudo o que pode desabar
Uma lembrança me esmaga

Agora tudo passou
O mundo refaz-se sólido
Foi só o susto
Todos estão ilesos
Puxo o telefone
Procuro na tela
O abalo do teu sorriso
Mil graus na escala Richter
Continuo a tremer

Maldito terremoto

            18/01/17

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